Corrente Alternada

Comentários e resenhas sobre discos, letras de músicas e filmes; com enfoque em aspectos depressivos.

Thursday, July 27, 2006

Coyote / The Grizzly Man

Os coiotes não são necessariamente animais solitários, apesar disso representam
Sempre essa idéia em nosso imaginário. Talvez por causa do seu uivo, ou porque vivem no deserto; ou simplesmente por causa do cinema. E para alimentar ainda mais esse imaginário eis aqui a letra de uma música country chamada “Coyote”. Nesse caso em questão o comp
ositor compara-se a esse animal, ou seja, acredita que ele e o coiote sejam os últimos sobreviventes de outros tempos. Paradoxalmente os coiotes animais extremamente adaptáveis às mudanças do meio.

Talvez, afinal, ele tenha razão. O coiote é um símbolo de resistência. Enquanto tudo ao redor se transforma ele ainda permanece como antes. Com seu pelo desgrenhado, seu olhar um tanto distante – não é nem cachorro e nem lobo – é um sobrevivente do deserto americano. Ele, os velhos cowboys, índios... Tudo se vai, mas o coiote ainda caminha pelos mesmos lugares.

Coyotes
Bob McDill

Was a cowboy I knew in south Texas,
His face was burnt deep by the sun,

Part history, part sage, part mesquit,
He was there when Poncho Villa was young.

And he'd tell you a tale of the old days,
When the country was wild all around,
Sit out under the stars of the Milky Way,
And listen while the coyotes howl.

And they go... hoo yip hoo yip hoo
hoodi hoo di yip hoo di yip hoo

hoo yip hoo yip hoo
hoo di hoo di yip hoo di yip hoo

Now the long horns are gone,
And the drovers are gone,

The Comanches are gone,
And the outlaws are gone,
Geronimo is gone,
And Sam Bass is gone,
And the lion is gone,
And the red wolf is gone.

Well he cursed all the roads and the oil men,
And he cursed the automobile,
Said this is no place for an hombre like I am,

In this new world of asphalt and steel.

Then he'd look off some place in the distance,
At something only he could see,
He'd say all that's left now of the old days,
Those damned old coyotes and me.

And they go hoo yip ...

Now the long horns are gone...

Stan Watie is gone,
And lion is gone,
And the red rolf is gone.

One morning they searched his adobe,
He disappeared without even a word,

But that night as the moon crossed the mountain,
One more coyote was heard.

And he'd go, hoo yip ...


No final do filme “The Grizzly man” (o homem urso) o piloto do avião encaixa na letra dessa música “Treadwell is gone”. Talvez ele simplesmente esteja lamentando que ele tenha morrido, ou então que não havia mais lugar para ele nesse mundo. Será que alguma vez houve?

Timothy Treadwell (April 29, 1957 – October 5, 2003)





Friday, July 21, 2006

Eric Clapton - Layla

É muito comum haver músicas sobre relacionamentos fracassados e etc... mais do que isso, chega a ser lugar comum. Mas amores não correspondidos são mais raros. É disso que se trata – Layla. Na realidade todo o disco “Layla and other assorted love songs”

Hoje, entretanto, vou comentar apenas essa muito conhecida música. Aqueles que nunca tinham ouvido certamente tiveram oportunidade na versão acústica (que eu particularmente não gosto. E aliás não faz mas sentido algum naquela altura...)

A história original, digamos assim, é um conto árabe muito famoso chamado “Layla e Majnum” que narra um amor impossível, no qual Majnum acaba por enlouquecer. É muito poético, não? Foi aí que Eric Clapton buscou a metáfora como descrever o seu amor impossível (?) por Pattie Boyd.

Veja bem, cantar a mulher de um amigo não é algo muito polido. Quando se trata da mulher de um Beatle, George Harrison, não é sequer conveniente. Mas e daí? Ele era Eric Clapton!! E além do mais ele transformou isso num ótimo disco.

Pattie Boyd – (Layla) – casou-se com George Harrison em 1966 e por volta de 1969 Clapton tornou-se amigo de George, mais ou menos na mesma época em que George Harrison, segundo consta, não era muito fiel ao casamento. Uma coisa leva a outra, e então Eric e Pattie também tiveram um certo ‘relacionamento’. Não muito duradouro, mas o suficiente para que Clapton ficasse os próximos anos insistindo, apesar de também estar casado, e ela de volta a Harrison.

A letra da música tem um pouco de todas essas coisas, e o que falta está nas outras músicas do disco. As partes de guitarra são todas de primeira qualidade; são furiosas, sensíveis e estilisticamente “Slowhand” – afinal essa é a sua marca registrada.

Um detalhe importante dessa música é que ela praticamente se divide em duas: Layla propriamente dita, e uma outra que começa com uma seqüência de acordes ao piano, que segue um longo solo de guitarra. Essa segunda parte na realidade é obra de Bobby Wittlock. É sensacional!

Em 1976 Eric Clapton e Pattie Boyd finalmente se casaram! Foram felizes para sempre? Claro que não. Mas acho que isso também não importa. Esse romance ainda rendeu muitas outras músicas.

Quanto a George Harrison, Eric Clapton e Pattie Boyd, continuaram sendo amigos

Thursday, July 20, 2006

NICO - ICON


NICO - ICON



O tema de hoje é meio “tenebroso”, eu quero dizer tenebroso mesmo. Sombrio. Acho mesmo que haveria outras maneiras de se falar sobre a Nico, mas penso que talvez seja o lado mais representativo. De qualquer forma “The End” é sem dúvida nenhuma fantasmagórico, um disco deito de sombras, e é no ano de 1974 que eu vou parar a descrição – embora todos já saibam que ela morreu em 1988. Aliás, por coincidência foi nesse mesmo mês.

Nico sempre foi uma personagem misteriosa, já começando pelo seu nascimento. Segundo algumas fontes ela teria nascido em Köln, já outras atestam que seria em Budapest. Certo é que ela se considerava alemã (a última faixa do álbum The End é o Hino da Alemanha, precisa dizer mais alguma coisa??) e certamente todos a consideravam alemã.

Christa Päffgen nasceu em 16 de Outubro de 1938, mas Nico só iria nascer muito tempo depois. Nico é um eneagrama de ICON, e sabe-se lá por que ela desistiu de ser Christa para ser um ícone. Mas para aqueles nascidos naqueles tempos de guerra muita coisa não se sabe bem com clareza.

No final dos anos 50 ela atuava como modelo na Europa, e em 1959 participou do filme “La dolce vita” de Frederico Fellini. Nico aparece em seis cenas nesse filme. Em uma delas o "Principe Masclashi" (interpretado por Zadam Wolkonky) oferece à sua noiva "Nico Otzaki" (Nico) um colar de pérolas.
Nesse período teve um relacionamento com Alan Delon, do qual nasceria seu filho Ari em 1962 na cidade de New York.





Já estabelecida em NY continuou como modelo e também como atriz, assim conheceu Andy Warhol que
a apresentou às pessoas as quais viria
tornar-se The Velvet Undergroud.Creio que além de contribuir artisticamente, ela também tenha quebrado o coração de Lou e Cale. Todavia com Cale as coisas ficaram as claras e ele foi o principal colaborador em todos os trabalhos musicais dela; mas quanto a Lou, não acredito que ele tenha assimilado muito bem a coisa toda naquele momento. Na realidade Lou Reed sempre precisa de bastante tempo para as coisas, uma espécie de Mistrial. Alguns especulam que Berlin tenha sido idealizado tendo Nico como personagem central. Pessoalmente acho que em parte sim, mas há muitas outras personagens. Não é um disco autobiográfico, é uma obra de ficção.



Já nos anos 70, enquanto Lou Reed grava Berlin, Nico juntamente com John Cale gravam The End. Este é um disco para não se escutar só, de noite em casa. Ou dependendo do ponto de vista justamente o contrário. É um disco sombrio, a música sei da sombra, as palavras nunca completam a idéia... há sempre algo incompleto. Não é confuso, mas enigmático – do que será que ela está falando? Mas é também expressionista, áspero. É como se de fato esse fosse o seu último disco.
É curioso, chega a ser dois lados da mesma moeda: Berlin e The End - Lou Reed John Cale/Nico
Mas assim como Lou seguiu a vida experimentando muitas perspectivas, inclusive na vida pessoal com Betty, Nico também foi em frente. Porém nos relacionamentos parece nunca ter tido muito êxito, como por exemplo com Jim Morrison do The Doors. A respeito disso acho que Oh Jim do álbum Berlin refere-se a ele. – Isso é uma coisa subjetiva, mas eu vejo assim. Talvez seja possível, mas não acredito que tenha qualquer influência além de uma citação não muito gentil. Para Nico noentanto a vida teve muito mais altos e baixos, talvez mais baixos que altos. Talvez isso seja conseqüência de ser um ícone? Há algum paralelo com Brigitte Bardot? É isso o fim?

Wednesday, July 19, 2006

The Velvet Underground and Nico


The Velvet Underground and Nico

Essa foi uma admirável combinação de idéias, sons e personalidades. Obra de Andy Warhol? Não necessariamente.

Apesar de tudo ter começado no estúdio de Andy, que foi o mentor do grupo, não há nenhuma influência direta sua sobre a criação artística do grupo. Trata-se mesmo de uma perfeita fusão de todos os integrantes, como por exemplo nas partes instrumentais.

Lou Reed, é claro, direciona todo o senso poético. Mas o som das guitarras dele próprio com Sterling Morrison é indescritível. É de fato simples, mas de equilibrados para ousados timbres valvulados. – a revista “Guitar Player” certa vez escreveu uma reportagem chamada ‘Some kind of guitar’ na qual descrevia as guitarras e Amps usados pelo VU- John Cale sempre foi um elo de ligação dentro do Velvet, e arrisco até a dizer que ele era a peça chave de toda essa alquimia. Muito discreto, às vezes ao baixo outras ao piano, ou viola; mas sempre presente. Duas presenças femininas?? Yes! Mo Tucker e Nico. Uma ambígua: Tucker . E outra Misteriosa: Nico.

Mo Tucker estava para ficar e deixa sua marca registrada na bateria. Mas Nico foi como um daqueles fantasmas, iria sempre assombrar Reed/Cale em todo o tempo de existência do grupo com sua onipresença sedutora e cruel.

Aliás, sedução e crueldade são duas coisas que se entrelaçam nesse álbum.

Veja isso: I’ll be your mirror e Femme Fatale

De um lado um flerte simplório I'll be your mirror
Reflect what you are, in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you're home”

E de outro o insensibilidade de Femme Fatale:

She's going to break your heart in two, it's true It's not hard to realise
Just look into her false colored eyes
She builds you up to just put you down,”

Veja outras situações opostas em Heroin e Vênus in furs:

Aqui temos a supressão da dor:

Heroin, it's my wife and it's my life
Because a mainer to my vein
Leads to a center in my head
And then I'm better off and dead”

E aqui a exaltação da dor:

Severin, your servant comes in bells, please don't forsake him
Strike, dear mistress, and cure his heart”

E há ainda outras dois mundos opostos descritos aqui, o das modelos que vivem das festas luxuosas: “And what costume shall the poor girl wear .To all tomorrow's parties” e o de viciados e traficantes: “I'm waiting for my man. Twenty-six dollars in my hand Up to Lexington, 125. Feel sick and dirty, more dead than alive”

Embora All Tomorrow’s Parties não seja necessariamente sobre o mundo das passarelas, e haja um certo ar de Cinderela nessa letra, é quase impossível não lembrar de Nico como modelo. Assim como também não se pode desconsiderar Run, run, run com sua temática das ruas de NY e There she goes again sobre o mundo feminino – dessa vez o vil.

Sunday Morning, para não deixar de mencionar, é uma forma bem leve de paranóia...

Por fim temos duas músicas que ressaltam a fusão da poesia de Lou Reed, em que ele refere-se ao seu mentor dos tempos de Universidade Delmore Scwartz, e a música Avant-Gard de John Cale na qual também fica claro as suas influências de La Monte Young e John Cage. São Duas músicas que irão nortear definitivamente o futuro composicional de cada um dos dois em suas respectivas carreiras solo.

Monday, July 17, 2006

As Capas dos albuns do YES


Aqueles que como eu cresceram nos anos 70 lembram-se com certeza das capas
dos discos do YES. Imagens oníricas! Também todos devemos ter em mente
que naquela época não tinhamos acesso a muitas coisas... Por exemplo:
O Apple II que já estava em uso nos EUA desde a metade dos anos 70 só chegou
aqui no Brasil por volta de 1984, e o Macintosh então é um caso aparte
para comentarmos em outra ocasião.
Mas de volta ao assunto das capas dos discos o que impressionava, além
das imagens era quem será que tinha feito aquilo??
Naquela época tinhamos uma cultura própria, uma espécie de "lista de discussões informal"
As notícias vinham de algumas notas em jornais, revistas programas de TV e principalmente
de 'um cara me falou'. É claro que isso era a coisa mais vaga sucetível
a especulações. Então surgiam várias hipóteses, das mais plausíveis até aquelas que niguém
acreditava (nem mesmo quem contava!) Coisas como: Um amigo me me disse
que o cara que fez esse desenho tgrabalhava numa fábrica de lâmpadas
e fazia experiências com vários gases, até que um dia ele começou a desenhar as cores e formas
das nuvem que apareciam dentro dos tubos!! Então alguém replicava: Sei lá... acho que
não tem nada a ver, tá mais prá paisagens de outros planetas.
Absurdo? Claro que é! Mas era muito legal gastar horas especulando sobre
quais os instrumentos usados naquele disco, ou o que era aquela figura na capa!
Além do mais as capas eram bem maiores do que as dos Cds, tratava-se de
boas 14 polegadas de papel.
Bom, ainda bem que hoje em dia podemos falar de outras coisas além daquele
papo escolar. Então pra matar a curiosidade de quem fazia as capas dos
Discos do YES aqui vai um perfil do cara.


Roger Dean nasceu no dia 31 de agosto de 1944 em Ashford, Kent, Inglaterra. Sua mãe havia estudado desenho de moda na Canterburry School of Arts antes de se casar. Seu pai era engenheiro do exército britânico, e como militar de carreira deveria mudar-se de acordo com as ordens do exército, por isso a maior parte da infância de Roger foi passada longe da Inglaterra – na Grécia, Chipre e Hong Kong. Ele tem um irmão Martin e duas irmãs, Penny e Phillipa. A família voltou para a grã-bretanha em 1959 e Roger foi para a Ashford Grammar School. Em 1961 Roger começou um curso de 3 anos no departamento de desenho industrial da Canterburry School of Arts concluindo com diploma em Design. Inicialmente ele estudou joalheria em prata e então desenho de mobiliário. Em 1964 Roger fez os primeiros designs para a “Sea Unchin Chair”.
Em 1968, já em London, ele desenhou a mobília do Scott´s Jazz Club e produziu a primeira capa de disco para um grupo chamado Gun. Era o início de uma grande parceria entre ele e os músicos.
Enquanto desenhava capas de discos ele ainda trabalhava em seus projetos de arquitetura e mobílias.
Em 1971 ele produziu a primeira capa do Osbisa, que atraiu muita atenção para o seu trabalho como design de capas de disco, e posteriormente no mesmo ano, ele desenhou a primeira capa para o YES. Além desse trabalho, no ano de 1975 ele juntamente com seu irmão Martin, também graduado em design, realizaram um cenário para o YES.
Mais recentemente, em 1994, juntamente com Rank Rogers da Blue Planet Software teve início uma nova parte do seu trabalho: a supervisão de design para jogos de computador, entre eles o “Black Onix” produzido pela Animatex.
Além dessas atividades Roger Dean também dedicou-se a pintura ‘mais tradicional’, ou seja, pintura em tela. Como por exemplo uma obra chamada “Ária” em Acrílico sobre tela em tamanho 6’X 4’ de 2001.

Friday, July 14, 2006

Syd Barret...

Syd Barret 1946-2006

Dia 12 de Julho morreu Syd Barrett. Na realidade ele já estava morto para o mundo, um mundo ao qual ele abandonou em 1967 quando -digamos assim- saiu do Pink Floyd. Ele já era um mito,e não acredito que agora tenha ficado mais conhecido.
Certamente as gravadoras vão se aproveitar disso para lançar antigas gravações, mas isso nada irá acrecentar a sua obra ou a sua história. História essa quenós não conhecemos. Sim, porque tudo o que se fala são apenas lendas ou comentários irrelevantes sobre a insanidade mental de Syd. Nada disso está além do óbvio.
Não sou exatamente um grande fan de Syd Barrett, mas acho importante a sua contribuição para o conceito musical do PinkFloyd, e também escrevo à memória dele como pessoa.

Eis aqui alguns sites dedicados a Syd Barrett:
www.syd-barrett.it
www.sydbarrett.net
www.sydbarrett.org

essa é a música de Syd Barrett que eu mais gosto:

See Emily Play


"Emily tries but misunderstands, ah ooh
She often inclined to borrow somebody's dreams till tomorrow
There is no other day
Let's try it another way
You'll lose your mind and play
Free games for may
See Emily play
Soon after dark Emily cries, ah ooh
Gazing through trees in sorrow hardly a sound till tomorrow
There is no other day
Let's try it another way
You'll lose your mind and play
Free games for may
See Emily play
Put on a gown that touches the ground, ah ooh
Float on a river forever and ever, Emily
There is no other day
Let's try it another way
You'll lose your mind and play
Free games for may
See Emily play"

Shine on you crazy diamond!