Corrente Alternada

Comentários e resenhas sobre discos, letras de músicas e filmes; com enfoque em aspectos depressivos.

Wednesday, July 19, 2006

The Velvet Underground and Nico


The Velvet Underground and Nico

Essa foi uma admirável combinação de idéias, sons e personalidades. Obra de Andy Warhol? Não necessariamente.

Apesar de tudo ter começado no estúdio de Andy, que foi o mentor do grupo, não há nenhuma influência direta sua sobre a criação artística do grupo. Trata-se mesmo de uma perfeita fusão de todos os integrantes, como por exemplo nas partes instrumentais.

Lou Reed, é claro, direciona todo o senso poético. Mas o som das guitarras dele próprio com Sterling Morrison é indescritível. É de fato simples, mas de equilibrados para ousados timbres valvulados. – a revista “Guitar Player” certa vez escreveu uma reportagem chamada ‘Some kind of guitar’ na qual descrevia as guitarras e Amps usados pelo VU- John Cale sempre foi um elo de ligação dentro do Velvet, e arrisco até a dizer que ele era a peça chave de toda essa alquimia. Muito discreto, às vezes ao baixo outras ao piano, ou viola; mas sempre presente. Duas presenças femininas?? Yes! Mo Tucker e Nico. Uma ambígua: Tucker . E outra Misteriosa: Nico.

Mo Tucker estava para ficar e deixa sua marca registrada na bateria. Mas Nico foi como um daqueles fantasmas, iria sempre assombrar Reed/Cale em todo o tempo de existência do grupo com sua onipresença sedutora e cruel.

Aliás, sedução e crueldade são duas coisas que se entrelaçam nesse álbum.

Veja isso: I’ll be your mirror e Femme Fatale

De um lado um flerte simplório I'll be your mirror
Reflect what you are, in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you're home”

E de outro o insensibilidade de Femme Fatale:

She's going to break your heart in two, it's true It's not hard to realise
Just look into her false colored eyes
She builds you up to just put you down,”

Veja outras situações opostas em Heroin e Vênus in furs:

Aqui temos a supressão da dor:

Heroin, it's my wife and it's my life
Because a mainer to my vein
Leads to a center in my head
And then I'm better off and dead”

E aqui a exaltação da dor:

Severin, your servant comes in bells, please don't forsake him
Strike, dear mistress, and cure his heart”

E há ainda outras dois mundos opostos descritos aqui, o das modelos que vivem das festas luxuosas: “And what costume shall the poor girl wear .To all tomorrow's parties” e o de viciados e traficantes: “I'm waiting for my man. Twenty-six dollars in my hand Up to Lexington, 125. Feel sick and dirty, more dead than alive”

Embora All Tomorrow’s Parties não seja necessariamente sobre o mundo das passarelas, e haja um certo ar de Cinderela nessa letra, é quase impossível não lembrar de Nico como modelo. Assim como também não se pode desconsiderar Run, run, run com sua temática das ruas de NY e There she goes again sobre o mundo feminino – dessa vez o vil.

Sunday Morning, para não deixar de mencionar, é uma forma bem leve de paranóia...

Por fim temos duas músicas que ressaltam a fusão da poesia de Lou Reed, em que ele refere-se ao seu mentor dos tempos de Universidade Delmore Scwartz, e a música Avant-Gard de John Cale na qual também fica claro as suas influências de La Monte Young e John Cage. São Duas músicas que irão nortear definitivamente o futuro composicional de cada um dos dois em suas respectivas carreiras solo.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home